ENTRE MODOS DE PENSAR E FORMAS DE ENSINAR: ESTILOS DE PENSAMENTO NAS PRÁTICAS DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA
Resumo
O estudo analisa como os estilos de pensamento, conforme a epistemologia de Ludwik Fleck, influenciam as práticas pedagógicas de professores de Matemática. Partindo da compreensão de que o conhecimento docente é social e historicamente construído em coletivos de pensamento, investiga-se como a formação inicial, as experiências profissionais e os referenciais epistemológicos moldam concepções de ensino, avaliação e aprendizagem. A partir de um panorama das tendências da Educação Matemática no Brasil, baseado em Fiorentini (1995) e Libâneo (2005), evidencia-se que diferentes matrizes pedagógicas coexistem e orientam modos distintos de ensinar. A pesquisa, de abordagem qualitativa, utilizou entrevistas semiestruturadas com oito professores da rede estadual catarinense, analisadas segundo a técnica de análise de conteúdo. Os resultados revelam divergências entre docentes formados antes e depois das DCN/2002: enquanto o primeiro grupo relata formação conteudista e pouca articulação com a prática, o segundo identifica maior integração entre aspectos teóricos e pedagógicos, incluindo experiências como o PIBID. As falas indicam diferentes modos de significar os objetivos da Matemática, ora utilitaristas, ora formalistas, bem como distintas concepções sobre organização das aulas e avaliação. Conclui-se que as práticas docentes são expressões de estilos de pensamento constituídos ao longo da trajetória formativa, influenciados por referenciais epistemológicos, contextos socioculturais e transformações curriculares.
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