ESTÁGIO DE DOCÊNCIA DA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU: UMA PERSPECTIVA NEUROCIENTÍFICA

Carolina Da Cruz Jorge De Oliveira, Luiz Fernando Mackedanz

Resumo


Com o acesso à pós-graduação ampliado na primeira metade da década, detectou-se um problema quanto à formação docente dos egressos, que focavam na formação acadêmica, em detrimento à prática docente. Neste sentido, a proposta do estágio de docência como disciplina permitiu ampliar a formação na pós-graduação.O presente artigo tem como objetivo discutir a importância deste estágio de docência (regulamentado pela CAPES), identificando-o como um momento potencializador na consolidação de memórias declarativas e procedurais relacionadas à prática docente do ensino superior. Para atender nossas inquietações com relação ao tema, buscamos uma interlocução entre a neurociência – elucidando conceitos sobre consolidação de memórias e o processo de aprender – e a educação, bem como seus movimentos relacionados à formação docente para a educação superior. Para isso, utilizamos uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo, que mostrou que os documentos normativos da pós-graduação stricto sensu não evidenciam esforços para uma aproximação dos mestres e doutores com as questões didáticas e pedagógicas do Ensino Superior. Tal contato fica restrito àqueles que vivenciam o estágio de docência nos cursos de mestrado e doutorado, os bolsistas. Por conta disso, entendemos que a legislação que subsidia a formação de mestres e doutores nos programas de pós-graduação stricto sensu precisa ser repensada, a fim de possibilitar espaços de discussões e vivências sobre o contexto da sala de aula universitária.


Palavras-chave


Ensino Superior. Pós-Graduação Stricto Sensu. Estágio de Docência.

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